Vida da Fundadora

Vida da Fundadora

Natural da cidade do Brejo da Madre de Deus-PE, Ir. Lindalva do Nascimento Silva, filha de pais católicos, família simples. Logo após a crisma, aos 14 anos se consagrou de coração a Deus e manifestou o seu desejo de ser religiosa. Por não aceitação dos seus pais, tentou esquecer, mas não se afastou da Igreja. Aos 16 anos teve um namorado e chegou a ficar noiva, mas por saber que o casamento não era sua vocação, desistiu mesmo enfrentando sua família que mais tarde chegou a entender sua decisão. 
No dia 02.02.1989 entrou na Congregação das Irmãs Reparadoras do Coração de Jesus na Cidade de Sobral – CE. No dia 02 de Junho do mesmo ano ingressou no Postulantado. Em 1990 após avaliação do Conselho e do Bispo que acompanhava a Congregação, entrou para o Noviciado no dia 02.02.1990. Fez os dois anos de noviciado conforme o Código de Direito Canônico, e no dia 02.02.1992 professou os votos simples.
Procurou viver com intensidade a sua vida religiosa, penitenciando-se quando errava e alegrando-se quando acertava. Destacava-se sempre por sua capacidade de gerar comunhão entre as suas irmãs religiosas.
Na Cidade de Cariré trabalhou na Coordenação da Pastoral da Criança, na Coordenação da Catequese Paroquial, participando da Pastoral Litúrgica, Pastoral Vocacional,  Grupos de Jovens etc. Neste tempo teve a oportunidade de ter uma aproximação maior com os sacerdotes.
No final de 1993 recebeu o convite da Madre para abrir uma comunidade da Congregação em Fátima – Portugal, e partiu atendendo o apelo de Deus na pessoa da sua Madre.
E assim, em 1994 foi a Portugal trabalhar com pessoas deficientes. Sentiu um impacto muito grande. Ficou um pouco impressionada por ver tantas pessoas juntas com diversas formas de deficiências. Mas logo sentiu-se bem com eles, no meio deles. Sabia que Deus a preparava para algo. Pensava: "será que Deus me chama de volta para fazer algo pelos sacerdotes?". Por isso rezava muito para que Deus lhe mostrasse o que Ele queria, ou tirasse aquela inquietação do seu Coração.
Em 1995, Dra. Albertina, Assistente Social do Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II em Fátima - Portugal, convidou-a a fazer uma visita domiciliar junto com ela a uma pessoa com deficiência que estava na lista de espera. Ao chegarem na casa a ser visitada, encontrou uma senhora a quem perguntou pela pessoa que procurava. Ela disse que era a mãe do jovem e levou-as até o quintal. Lá encontramos um jovem com aproximadamente 16 anos. Quando olhou aquele jovem, pensou: “É Cristo que está pregado na cruz pedindo ressurreição”. Ela olhava o jovem e via um grande brilho nos seus olhos. “Ele só olhava para mim e não desviava o seu olhar”, afirmava: “Seus olhos eram iguais aos de Jesus em um sonho que tive quando eu era adolescente”.

No caminho perguntou à Assistente Social se este jovem iria em breve para a entidade, mas ela respondeu que não, porque existiam outros em situações piores. Chegou na comunidade transtornada. Passado alguns dias falou para a Ir. Irene que iria deixar a Congregação e voltar para o Brasil. Não se tratava de falta de vocação ou de não gostar da Congregação onde se encontrava, mas porque queria à partir daquele momento dedicar sua vida por estas pessoas. A Ir. Irene lhe perguntou: “Por que você vai atrás de pessoas deficientes se já estais trabalhando com estes aqui?” Respondeu­­-lhe: “Não vou deixar tudo por estes, mas por aqueles que estão pregados na cruz da exclusão, da indiferença, da marginalização. Quero levar a Ressurreição de Cristo a eles. Ainda não sei como, mas Deus vai me ensinar. Não importa se vou sofrer. O que é uma vida de sofrimento, mesmo se eu vivesse 100 anos, em comparação a uma vida eterna diante de Deus? Vou deixar a Congregação para não trair a Deus que me pede algo novo de mim, para não trair a Congregação e nem a mim mesma. Tinha uma certeza: embora eu me sentisse como Jeremias: Por que a mim? Eu não sei falar. Sou ainda uma criança. Mas creio que não vou fazer nada, só vou ser instrumento, Deus vai fazer tudo. Serei uma Carmelitana contemplativa com a clausura no coração e serei uma Missionária da Ressurreição de Cristo, uma Missionária de Cristo Ressuscitado como Maria Madalena para aqueles que ainda estão na escuridão da morte e do medo”.

Passado alguns dias, Ir. Irene disse-lhe­­ que, quando escrevesse à Madre, comunicando sua decisão, a incluísse também. Falaram para a Ir. Noêmia que era a sua superiora. Ela disse o mesmo: “Também vou!”. Sua preocupação aumentou ainda mais, pois já se tratava de três irmãs e, de certo modo, se sentia culpada e ao mesmo tempo se perguntava sobre o que fazer e para onde iríamos. No principio era só ela e podia ir para sua família, mas se tratando de três irmãs, as coisas mudavam.
Lá em Portugal tudo era diferente. Tinham tudo. E Pensava: “o que posso oferecer a elas lá no Brasil?”.
Comunicaram ao Conselho da Congregação. Mas por se tratar de três pessoas da mesma comunidade e não ter outras irmãs para assumirem o contrato de trabalho da Congregação com a entidade, tiveram que se dirigir até o Brasil para conversar com o Conselho e dizer que não abandonariam a Congregação nesta situação e ficaram até terminar o contrato em 31.12.1999. E assim a Congregação permitiu.
Começaram a viver a nova Espiritualidade no Domingo de Páscoa dia 07.04.1996, mas ainda não tinham deixado a Congregação.
Antes, conversaram com Dom Serafim, então, Bispo de Leiria-Fátima para informá-lo do que estava acontecendo com elas. Ele ficou muito preocupado, pois gostava muito dos religiosos e religiosas presentes em sua Diocese e tinha um carinho muito especial por elas, pelo trabalho que faziam e por estarem longe da Sede de sua Congregação no Brasil. Ele sempre lhes deu uma assistência muito especial. Encarregou um padre para acompanhá-las e este padre chegou a conclusão que se tratava de um novo carisma na Igreja. O mesmo padre pediu que escrevessem tudo. Escreveram em forma de constituição seguindo apenas o estilo que já conheciam. Tiveram a ajuda de um canonista: o Pe. Jackson Rodas Ortega, um Boliviano doutorando em Roma.
O Bispo pediu que ao chegar ao Brasil, escolhessem um Bispo para acompanhá-las, pois iam precisar muito, e de preferência o de origem, por conhecê-las. Então, procuram D. Bernardino Marchió, Bispo de sua Diocese de origem, Pesqueira.
D. Dino, foi visitá-las algumas vezes em Fátima – Portugal, e entrou em contato com D. Serafim e com a Congregação que pertenciam. Depois de um tempo disse que estava sendo difícil acompanhá-las nesta distância. Então, pediu para vim para o Brasil e ficar em sua Diocese. Ele pediu que viessem à Pesqueira para escolherem onde queriam morar.
Depois de visitarem várias cidades e vilas, decidiram ficar em Pesqueira devido à formação das formandas. Juntamente com Pe. Adilson Tadeu Ferreira, fizeram um projeto para Alemanha e umas cartas peditórias. Fizeram “a planta” da casa como queriam e depois a reforma que era necessária. Quando chegaram ao Brasil o Pe. Adilson Tadeu já tinha começado a reforma.
Pe. Pedro Monteiro e Pe. Adeildo S. Ferreira lhes davam grande apoio e pensavam no Ramo Masculino. E assim, iniciariam todos juntos este grande projeto que Deus colocara em seus corações.
Chegaram ao Brasil no Domingo, dia 02.01.2000 às 04:00h. Pe. Victor Lourenço, grande amigo delas e que também queria começar a parte masculina se continuassem em Portugal, veio trazê-las até Pesqueira. Ele lhes deu neste dia um belo presente: um Ostensório belíssimo como marca da sua participação nesse momento histórico.
Começaram fazer desde o primeiro mês que chegaram, um porta a porta na cidade para descobrirem quantos deficientes existiam e como eles estavam. Encontraram 207.
Sabiam também que não conseguiriam dar conta desta Missão sozinhas, então, criaram o grupo dos(as) agregados(as) para ajudá-las e fizeram o cadastro de todos os deficientes. Todos os meses estas pessoas com deficiências eram visitados pelos agregados e por elas e os casos mais críticos eram encaminhados para fisioterapia no hospital, acompanhamento na AACD, conforme as necessidades de cada um.
Os agregados se reuniam todas às sextas-feiras para Adoração ao Santíssimo Sacramento e todos os meses havia uma reunião; no final do ano uma simples comemoração para celebrar a caminhada anual.
Descobriram que muitos deficientes viviam escondidos e que não eram beneficiados pelas políticas publicas, e sem acesso às escolas.
Fizeram algumas reuniões com os representantes destas políticas públicas para mostrar que estes deficientes existiam e que tinham direitos como todos.
Incentivavam os pais a levá-los às escolas. Algumas escolas já trabalhavam com alunos com deficiências. Alguns pais não se convenciam que seus filhos fossem capazes, sendo eles, muitas vezes, os primeiros fazer de seus filhos, excluídos, seja por falta de instruções e formação, seja pelo preconceito que enfrentavam. E assim, conquistaram a amizade e confiança, realizando um trabalho bonito e eficaz em conjunto com alguns setores da sociedade e com as famílias.
Inicialmente, utilizavam uma parte de um prédio que D. Dino tinha dado para os momentos recreativos e interação com as crianças e suas famílias.
Logo apareceram também crianças em situação de riscos e que não tinham deficiências. Por esse motivo foi criado o Centro Girassol para abrigar estes menores em risco pessoal e social.
Em 2006, o diácono Samuel Briano passou a ajudar na formação das jovens que estavam no postulantado. Neste mesmo ano, foi ordenado; e devido ao seu contato direto com o grupo, em 2008 pediu para ser agregado e viver também o Carisma e Espiritualidade, pois, já as conheciam desde o ano de 2000, quando chegaram na Diocese, quando ele então era seminarista.
Em 2011 fez o pedido para ser religioso da comunidade e assim começar o ramo masculino, tão esperado por ele e por outros seminaristas de seu tempo. O Pe. Severino Ézio também fez o mesmo pedido, pois, também acompanhou toda esta caminhada desde quando aqui chegaram. Outros jovens com experiências na Vida Religiosa em outras Congregações: Cosmo, Cristiano e Leandro se juntaram a eles, e assim, nos primeiros meses deste ano de 2012, iniciaram o Postulantado. Atualmente, também recebem pedidos de outros padres e jovens para serem acompanhados na intenção de pertencerem ao grupo.