23/04/2013

Ecumenismo é...?

O  Emérito Papa Bento XVI e o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla


palavra "ecumênico" sempre foi usada pela Igreja Católica no sentido de uma reunião do conjunto dos bispos. Dessa forma, um Concílio que reúna os bispos católicos do mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo que seja uma reunião só de católicos.

Foi no final do século passado que a palavra "ecumenismo" passou a ser utilizada para definir um movimento surgido nos meios protestantes, buscando a reunião de todas as comunidades protestantes.

A Igreja Católica, há muito, pede a unidade cristã: Promover a reintegração de todos os cristãos na Unidade é de fato a Vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja expressou essa vontade através do Concílio Vaticano II, no DecretoUnitatis Redintegratio (Roma, novembro de 1964), do qual consta o seguinte trecho:

"Todo aquele que acredita em Cristo, mesmo que não pertença à Igreja Católica, encontra-se em algum tipo de comunhão com a verdadeira Igreja. Não existe ecumenismo verdadeiro sem uma conversão interior; e a Igreja Católica é a plena depositária da Palavra e das graças divinas. As demais igrejas devem dela aproximar-se na Comunhão da graça."

Assim, embora a Igreja Católica tenha sido a única fundada por Cristo, e essa Igreja de Cristo tenha que ser Una ('Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir' - Mc 3,24), é fato que existem hoje diversas denominações ditas cristãs, que professam a fé em Jesus Cristo como Deus, Senhor e Salvador, e a Igreja Católica busca, como sempre buscou, acolher e re-unir a todos.

Ecumenismo é aproximação, cooperação, é a busca fraterna da superação das divisões entre católicos, ortodoxos e protestantes. Mas como superar tais divisões?

O Concílio Vaticano II deseja que as iniciativas dos filhos da Igreja Católica progridam em conjunto com as iniciativas dos nossos irmãos separados. Todos nós somos chamados a viver a proposta do ecumenismo: todos juntos, ao menos nesse sentido um só povo, no Amor de Cristo. O Ecumenismo é um convite ao diálogo entre as Igrejas Cristãs, e a uma evangelização renovada.

As divisões contrariam a vontade de Cristo, e dificultam a pregação do Evangelho a toda criatura. Eis apenas um dos motivos pelos quais a unidade cristã se faz urgente. Todavia, a própria palavra ecumenismo gera confusão acerca do seu significado. Eis o motivo pelo qual é preferível e certamente mais apropriado falar em "unidade cristã", do que falar em ecumenismo. Popularmente convencionou-se entender a palavra ecumenismo com o sentido de religião universal, global. Dá-se a entender que não importa em que se crê, desde que haja respeito mútuo. O ecumenismo religioso seria a reunião de todas as religiões, seitas e crenças, cristãs ou não. Embora o verdadeiro significado da palavra não seja este, convém evitar a confusão, optando pelo termo unidade cristã.

A Santa Igreja Católica sempre orientou à superação das divisões para a União em Cristo, na Santa Igreja. E não à união de todas as crenças, não à criação de uma nova religião, de uma nova era e uma nova "igreja universal", mais parecida com uma seita holística.

A Igreja Católica é, como diz o seu nome, universal, e desde sempre una. É a única Igreja realmente ecumênica, pois aberta a todos os homens, de todas as nações, de todas as culturas e línguas, de todos os tempos, presente em todos os continentes, entre todas os povos e nações. É a única Igreja autêntica, por sua origem Divina, e jamais devemos temer "ofender" alguém ao proclamar esta verdade. Entre manter boas relações sociais com todos e confessar a Verdade, todo cristão precisa optar pela segunda.

Além de tudo, existe ainda a necessidade de superar as divisões dentro da própria Igreja, e este talvez seja o maior desafio: A falta de união entre os católicos parece ser sem dúvida o fator que mais enfraquece a Igreja e fomenta a apostasia. A esse propósito, declara o Secretário da Conferência Episcopal Espanhola, Pe. Juan Antonio Martinez Camiño:

"A comunhão na Igreja tem hoje dois desafios: viver um ecumenismo intra-católico e uma comunhão nos seus conteúdos. Necessitamos de um ecumenismo intra-católico, e uma aceitação cordial de todos no fundamental, pois é nossa União a Deus em Cristo por meio do seu Espírito, que nos anima e põe a todos e a cada um, segundo nosso estado, em pé de evangelização. Necessitamos realmente da comunhão na caridade entre os distintos grupos eclesiais. Sem esse testemunho de Unidade é difícil a evangelização e o testemunho cristão. O segundo nível da comunhão que necessita a Igreja, é a comunhão nos conteúdos, na mensagem, na doutrina. Esta comunhão é fundamental, e continuará avançando na medida em que avancemos na comunhão da caridade. São coisas distintas, mas vão absolutamente unidas."

Fonte: voz da Igreja