Publicado em 19/01/2014, às 13:24 por Frei Leandro Silva-MCR
“Anunciamo-vos a Boa Nova: a promessa, feita a nossos pais,
Deus a realizou plenamente para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus” (At
13,32-33). A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em
Cristo, crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã,
transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do
Novo Testamento, pregada, juntamente com a Cruz, como parte essencial do
Mistério Pascal. (Cat §638)
Essa é a Boa Nova que vos anunciamos: Jesus Cristo está
vivo! Ele venceu a morte e nos resgatou. Nele somos novas criaturas!
A grande verdade da nossa fé é essa: A ressurreição
de Cristo. Essa boa nova tem sido transmitida a todos os cristãos ao longo
dos séculos. A morte de Cristo na Cruz e a sua ressurreição são doutrinas
fundamentais da fé cristã. Nosso Deus não é passivo. Isso nós já vimos aqui.
Mas Ele também não é um Deus morto. Como diz uma velha canção: Meu Deus está
vivo! Ele não está morto! Podemos senti-lo! Alguns chegaram a vê-lo e tocá-lo.
A palavra de Deus nos conta isso, e a Sagrada Tradição seguiu nos narrando essa
palavra de fé.
O mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real
que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo
Testamento. Já São Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56: “Eu vos
transmiti… o que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
Apareceu a Cefas, e depois aos Doze” (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da
viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão às
portas de Damasco. (Cat §639)
Um dos maiores obstáculos para estudarmos a vida de Jesus,
são as fontes que a historiografia dispõe. A Bíblia é uma preciosa fonte de
pesquisa. Também nela podemos analisar muitos fatos históricos, embora ela seja
uma coletânea de livros de fé. Nela também encontramos muitos textos que
retratam a vida de Jesus, além de registros posteriores a sua morte (Atos dos Apóstolos,
Apocalipse e as Epístolas).
De acordo com a historiadora Eliane Moura Silva, da Unicamp,
os fatos da vida de Cristo são relatados de passagem em alguns textos antigos,
como a Vida dos Judeus, de Flávio Josefo, que viveu entre os anos 37 d.C. e 103
d.C., porém de forma pontual e não muito extensiva. Segundo ela, há estudos que
revelam ser verdadeiras muitas das referências históricas contidas nos
Evangelhos do Novo Testamento, que tratam da vida de Cristo, mas que também
foram escritos posteriormente. “Trata-se de período conhecido da história do
Império Romano, embora a Judéia [onde Jesus viveu] não fosse a principal
preocupação nem a província romana mais importante na época”, afirma.
Leia esse trecho dos escritos de Flávio Josefo. É dele
grande parte dos escritos daquela época. Ele nasceu em Jerusalém e conheceu a
primeira comunidade cristã. Como não era cristão, e sim da nobreza judaica, seu
olhar para o cristianismo também não era lá essas coisas. Mas ele cita a
ressurreição de Jesus em seus escritos:
“Foi naquele tempo (por ocasião da sublevação contra Pilatos
que queria servir-se do tesouro do Templo para aduzir a Jerusalém a água de um
manancial longínquo), que apareceu Jesus, homem sábio, se é que, falando dele,
podemos usar este termo – homem. Pois ele fez coisas maravilhosas, e, para os
que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre. Atraiu a si muitos judeus, e
também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado; e quando Pilatos, por
denúncia dos notáveis de nossa nação, o condenou a ser crucificado, os que
antes o haviam amado durante a vida persistiram nesse amor, pois Ele
lhes apareceu vivo de novo no terceiro dia, tal como haviam predito os divinos
profetas, que tinham predito também outras coisas maravilhosas a respeito
dele; e a espécie de gente que tira dele o nome de cristãos subsiste ainda em
nossos dias”.(Flávio Josefo, História dos Hebreus, Antiguidades Judaicas,
XVIII, III, 3 , ed. cit. p. 254). (1, pg. 311 e 3).
Santo Sudário de Turim
Outro aspecto que nos dá a certeza da Ressurreição de Cristo
é o Santo Sudário de Turim que aos olhos da ciência é algo inexplicável.
Certamente irei postar aqui com calma sobre o Santo Sudário. Este é um assunto
que muito me anima a escrever. Mas o fato de termos em um lençol da época de Cristo
(sim amigos, o teste do carbono 14 falhou) as marcas do corpo chagado de Cristo
em forma tridimensional nos dá a certeza que Ele ressuscitou.
Portanto nesse período em que vamos estudar aqui a
Ressurreição de Jesus Cristo, quero convidar a todos vocês a anunciarem essa
maravilha a todas as pessoas que vocês conhecem. Não tenha receio de afirmar
que o Deus que você crê está vivo e está no meio de nós!
Como se explica a ressurreição de Cristo?
02 de abril de 2006
Francisco Varo
A ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve
manifestações historicamente comprovadas. Os Apóstolos deram testemunho das
coisas que viram e ouviram. Por volta do ano 57, São Paulo escreve aos
Coríntios: “Porque vos transmiti, em primeiro lugar, o que também havia recebido:
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; e apareceu a Cefas e depois
aos Doze” (1 Cor. 15, 3‑5).
Quando alguém examina hoje esses fatos, procurando a verdade da maneira mais
objetiva possível, pode ser que surja a pergunta: de onde veio a informação de
que Jesus Cristo ressuscitou? Trata-se de uma manipulação da verdade, que teve
uma enorme ressonância na História, ou é um fato real, tão surpreendente e
inesperado hoje em dia como o foi naquela época para os seus aturdidos
discípulos?
Só é possível responder razoavelmente a essas questões começando por estudar as
crenças que aqueles homens tinham sobre a vida depois da morte, para avaliar se
a idéia da ressurreição — tal como eles a narraram — tinha (ou não) cabimento
lógico nos seus esquemas mentais.
Antes de mais nada é preciso notar que no mundo grego havia referências a uma
vida depois da morte, se bem queembora com características um tanto peculiares.
O Hades é um motivo recorrente nos poemas homéricos: é o domicílio após a
morte, um mundo de sombras, como que uma vaga recordação da morada dos vivos.
Contudo, Homero jamais imaginou que fosse possível regressar do Hades. Platão,
sob uma perspectiva diferente, especulou sobre a reencarnação, mas não pensou
que um mesmo corpo pudesse revitalizar-se depois de morto. Em suma: embora se
falasse da vida depois da morte, nunca vinha à mente a idéia da ressurreição,
entendida como o regresso de alguém — seja ele quem for — à vida corporal no
mundo presente.
A situação no judaísmo é diferente, mas só em parte. O sheol mencionado
no Antigo Testamento e em outros antigos textos judaicos não é muito diferente
do Hades homérico. Nesse lugar as pessoas estão como que adormecidas. No
entanto, diferentemente da posição grega, havia portas abertas à esperança.O
Senhor é o único Deus, tanto dos vivos como dos mortos, e com poder tanto sobre
o mundo do alto como sobre o sheol. Um triunfo sobre a morte é
possível.
Na tradição judaica, além das manifestações de crença numa certa ressurreição —
pelo menos por parte de alguns —, há também a espera pela chegada do Messias,
mas esses dois assuntos não aparecem ligados. Para qualquer judeu contemporâneo
de Cristo, essas duas questões teológicas pertenciam — pelo menos em princípio
— a planos muito diferentes. Confiava-se em que o Messias derrotaria os
inimigos do Senhor, restabeleceria o culto do Templo em toda a sua beleza e
esplendor e estabeleceria do domínio do Senhor sobre o mundo, mas nunca se
pensou que ressuscitasse depois da sua morte: não era comum que isso passasse
pela cabeça de nenhum judeu piedoso e instruído.
Roubar o corpo de alguém e espalhar o boato de que ressuscitou com esse corpo,
para mostrar que esse alguém era o Messias é algo impensável. Segundo o relato
dos Atos dos Apóstolos, Pedro afirmou no dia de Pentecostes que “Deus o
ressuscitou, rompendo as ataduras da morte”, para depois concluir: “Saiba,
pois, com certeza toda a casa de Israel que Deus O fez Senhor e Messias, esse
Jesus que vós crucificastes” (Atos, 2 36).
A explicação para tais afirmações é que os Apóstolos tinham contemplado algo
que jamais imaginaram: algo que se viam na obrigação de testemunhar, apesar das
burlas que sabiam — e com razão — que iria provocar.
BIBLIOGRAFIA
N. Tom WRIGHT, "Jesus' Resurrection and Christian Origins": Gregorianum83,4
(2002) pp. 615‑635; Francisco VARO, Rabí Jesús de Nazaret, BAC,
Madrid, 2005, pp. 202‑204.