Ressoou, nesta noite, o antigo e sempre novo anúncio do Natal
do Senhor. Ressoou para quem está alerta, como os pastores de Belém há mais de
dois mil anos; também ressoa para quem aderiu ao apelo do Advento e,
permanecendo atento, está pronto a acolher a mensagem feliz que canta a
liturgia: “Hoje nasceu o nosso Salvador”.
Nesta noite, o tempo abre-se
ao eterno, pois vós, ó Cristo, nascestes entre nós vindo do Alto. Do seio de
uma Mulher, de todas a mais bendita, vós viestes à luz, Filho do Altíssimo. A
vossa santidade purificou, de uma vez por todas, o nosso tempo: os dias, os
séculos, os milênios. Com o vosso nascimento, fizestes do tempo um “hoje” de
salvação.
Celebramos, nesta noite, o
mistério de Belém, o mistério de uma noite singular que está, de certa forma,
no tempo e para além do tempo. Do seio da Virgem nasceu um Menino, uma
manjedoura serviu de berço para a Vida imortal.
Natal é a festa da vida,
porque Jesus, vindo à luz como cada um de nós, abençoou a hora do nascimento.
Uma hora que, simbolicamente, representa o mistério da existência humana,
unindo a aflição à esperança, a dor à alegria. Tudo isto aconteceu em Belém:
uma Virgem-Mãe deu à luz; “veio ao mundo um homem” (Jo 16,21), o Filho de Deus,
o Filho do Homem. Mistério de Belém!
O Verbo chora numa manjedoura.
Chama-se Jesus, que significa “Deus salva”, porque Ele “salvará o povo dos seus
pecados” (Mt 1,21).
Não é em um palácio que nasce
o Redentor, que vem instaurar o Reino eterno e universal. Ele nasce em um
estábulo e, permanecendo entre nós, acende no mundo o fogo do amor de Deus (cf.
Lc 12,49). Este fogo nunca mais se apagará.
Que possa este fogo arder nos
corações como chama de caridade ativa, que dê acolhimento e apoio a tantos
irmãos provados pela necessidade e pelo sofrimento!
Senhor Jesus, que contemplamos
na pobreza de Belém, faça-nos testemunhas de sua Verdade e de seu amor que O
levou a despojar-se da glória divina, a fim de nascer entre os homens e morrer
por nós.
Faça, Senhor, que a luz desta
noite, mais brilhante que o dia, difunda-se no futuro e oriente nossos passos
no caminho da paz, que só se encontra na Verdade.
O que diremos sobre a
encarnação do Verbo Divino? A encarnação é o supremo ato de amor de Deus, que
assume a condição humana, transformando-a pelo dom do amor pleno. Em Jesus não
é assumida apenas a sua corporeidade individual, mas a condição corpórea de
toda a humanidade, integrada em todos os valores de dignidade, justiça e
verdade, que, no amor, são revestidos de eternidade. “Deus é amor, e aquele que
permanece no amor, permanece em Deus, e Deus, nele” (1Jo 4,16).
A encarnação do Filho de Deus
é a revelação da presença real, amorosa e terna, vivificante e eterna do Pai
entre homens e mulheres, pequenos e humildes.
O prólogo do Evangelho de João
apresenta a origem divina de Jesus, como a Palavra eterna que procede de Deus,
faz-se carne, morando entre nós, e, por graça, torna-nos seus filhos eternos.
Renascidos no Batismo, como Ele, reinaremos eternamente.
Aproveito a oportunidade para
expressar meus votos de um feliz e santo Natal a você e seus familiares!
Padre Bantu Mendonça