27/04/2013

Ver Cristo é ver o próprio Deus


“Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Estas palavras são fundamentais não só para Filipe, mas também para cada um de nós, pois nelas vemos a clara epifania, ou seja, a manifestação do rosto do Pai na pessoa do Filho Jesus.
Ver Cristo é ver o próprio Deus. Esta verdade é tão profunda que foi o próprio Filho de Deus quem no-la deu a conhecer: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai”.
Filipe, como muitos dos nossos irmãos hoje em dia, ainda não tinha compreendido a verdade segundo a qual o Filho estava em perfeita sintonia com o Pai, ou seja, numa inter-relação total. Era necessário que se desvendasse, que se derrubasse a parede que lhe impedia de reconhecer Deus Pai no Filho testemunhado pela pomba e no alto do monte da Transfiguração: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,1-9).
Ao sermos convidados a escutar a palavra de Jesus neste texto, o Pai se dá a conhecer, assim como quer revelar no seu Filho a sua vontade. Portanto, não nos bastará ouvir… Será necessário fazer uma mudança radical. Uma experiência viva das obras do amor de Jesus, que são as obras do Pai: “As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,10-11).
Ao acreditarmos em Jesus, somos movidos a assumir as suas obras em vista da promoção da vida plena para todos. Procuremos ver o rosto de Deus nos rostos das pessoas por Ele amadas. Talvez você me pergunte como aquele jovem do Evangelho de Lc 10,25-35: “Mas quem é o meu próximo?” A resposta é simples. São os pecadores, os pobres, os humildes, os marginalizados, os andarilhos, os doentes, os encarcerados, as prostitutas, os alcoólatras e tantas outros. Aliás, “quanto pior for a pessoa com quem você convive melhor será para você!”
Por quê? Porque assim com fé, confiança e esperança na conversão desta pessoa, você se converterá num verdadeiro orante e melhor exercitará a caridade, a paciência, a misericórdia, o perdão e o amor desse Deus que se deu no Filho para o perdão dos nossos pecados e salvação das nossas almas. Esta é a glória do Pai, que é a glória de Jesus, à qual os discípulos são chamados a participar.
Como discípulos, eu e você somos interpelados. Peçamos ao Senhor que nos dê esta graça de “sermos um” com Ele, para que o mundo reconheça em nós Jesus Cristo, o enviado do Pai ao mundo cuja missão é a libertação do pecado e a construção do mundo novo de fraternidade e justiça.
Padre Bantu Mendonça