17/06/2013

Quando se pensa em vocação, o coração é o primeiro a sofrer.



Quando se pensa em vocação, o coração é o primeiro a sofrer. São tantos os afetos desordenados e as amarras que temos! Os combates e as grandes rupturas acontecem no fundo da alma. Além disso, nossa história pessoal também guarda experiências afetivas que nos marcaram negativamente. Esses registros devem ser trabalhados e partilhados, antes das grandes decisões. Haja objetividade e equilíbrio!
A convivência matrimonial ou a entrada numa comunidade religiosa pressupõe observação cuidadosa das aptidões humanas e disposições emocionais. Não temer o passado e viver plenamente o presente é sinal de maturidade. Os maiores conflitos ocorrem quando o nosso eu profundo não consegue sintonizar com os valores almejados. Queremos uma coisa e fazemos outra.
Uns erram por estar excessivamente centrados em si mesmos. Uma vida harmoniosa expressa a reciprocidade entre o que se é e o que se escolheu viver. Pessoas distraídas, agressivas ou acanhadas demonstram, com suas atitudes, dificuldades afetivas ainda não bem conhecidas e elaboradas.
Neste mistério da decisão vocacional já encontrei pessoas que querem o que não podem e outras que podem, mas não querem. Não basta, pois, o desejo da vontade; é preciso igualmente aptidões humanas que possibilitem tal anseio.
O casamento precisa da aceitação e o bom viver de duas pessoas; a vida religiosa (ser padre, irmã) exige também esta dupla decisão: a do candidato e a da instituição (congregação religiosa, diocese etc.) e, posteriormente a fidelidade vivida. Quando ambos os discernimentos coincidem, os das pessoas ou o da pessoa e o da instituição tem-se a clareza vocacional e a possibilidade de que a escolha dê certo.
A convivência matrimonial ou a possível entrada numa comunidade religiosa pressupõe uma observação cuidadosa das aptidões humanas e disposições emocionais das pessoas. Conhecer a história da vida e as suas marcas mais significativas, permite viver com maior segurança o que foi decidido. Só assim, estaremos aptos para fazer a vida com outra pessoa ou instituição. Nossa felicidade não se baseia na sorte de uma brincadeira.
A vocação melhor para cada um é aquela que lhe permite ser e 
viver com maior generosidade. Para opções importantes usamos o coração, mas também a razão. Precisamos conhecer bem, antes de decidir. Conhecer-se e perceber as motivações válidas que temos e as que não queremos. Nessa alternância quase instintiva, a razão buscará mais o consistente e positivo, permitindo uma escolha certa.
Há, pois, motivações conscientes adequadas e outras inconscientes, adequadas ou não. As primeiras podem ser meramente humanas, mas sempre deveriam ter um viés gratuito. As motivações inconscientes podem ser até inadequadas, mas quando vão acompanhadas das "conscientes positivas", não prevalecem e fazem possível uma opção duradoura.
Optar por uma vocação exige autoconhecimento das suas qualidades e fragilidades, como também das exigências que essa vocação comporta. A vocação melhor para cada um é aquela que lhe permite ser e viver com maior generosidade.
É fundamental colocar-se de modo coerente diante de si, dos outros e de Deus. Desse modo, cresceremos nas dimensões básicas do ser humano: física, intelectual, afetiva, social, moral e espiritualmente.
Para finalizar, uma boa dica: Não peça a Deus para eliminar suas dificuldades, mas força para superá-las! Viver é sonhar até o impossível! 
E fica a pergunta: Quais são seus sonhos e anseios?

Por: Pe. J. Ramon F. Cigoña, SJ.