A teologia liberal buscou chegar a Jesus através da investigação histórica, mas não conseguiu nenhuma solução. Além disso, em outro momento Bultmann assegurara com seu trabalho “historia das formas” que os evangelhos sinópticos são apenas formação da fé da primeira comunidade primitiva, note-se que existe uma unidade entre a pregação de Jesus e o kerigma da comunidade. Enfim, o mais importante é o Jesus glorioso que o histórico.
Mas, na atualidade parece renascer a disputa entre as correntes (historicista e fundamentalista). Por um lado, há um grande avanço científico no mundo moderno que se torna preocupante, e por outro lado, ressalta a fidelidade à tradição evangélica sobre o mistério pascal de Jesus.
Porventura, a comunidade interpretava a partir da sua vivência e assim os fatos desnudos tinham pouca importância aos olhos da fé, porque Jesus é Kyrios, seu Senhor. Do mesmo modo ainda há continuidade das verdades e acontecimentos significativos do Senhor, graças à tradição. É evidente que os evangelhos dão valor aos fatos desde uma perspectiva redentora e por isso a história factual é somente como o espaço do evento Cristo.
Mateus coloca a Jesus como o segundo Moisés, o portador da Torah messiânica, um Jesus rabino e fundador de uma comunidade orientada escatologicamente. Logo, toda a narrativa do evangelista tem uma matize escatológica.
Marcos apresenta um Jesus mais humano, durante a sua vida terrena vai se revelando como o Filho de Deus. Do mesmo modo para João, Jesus é o Logos sobre a terra, o Verbo encarnado.
No evangelho de Lucas, Jesus é centro da história e apresenta a ressurreição como correção de Deus diante do fracasso humano.
É impossível chegar a construir uma história de Jesus. Já que para a primeira comunidade cristã o mesmo Jesus terreno é o Jesus glorificado. Não se pode negar que os sinópticos também oferecem dados autênticos e que o historiador deve ter em conta. A intenção dos evangelhos não é moralista, mas, corretamente, eles estão vinculados à vida de Jesus antes e depois da páscoa.
Em conclusão, os evangelhos não pretendem situar psicológica nem historicamente a Jesus. O problema do Jesus da história não é a nossa invenção, e sim, o enigma que ele deixou. Veja-se, que todo esforço e busca de Jesus devem conduzir para o Cristo.
Por. Cristobal