A Escritura utiliza os termos egeirein[1] em ativo e passivo: ressuscitar; e anastanai[2]: em transitivo e intransitivo: levantar-se, neste caso ambos os termos não deixam de ser metafóricos (até limitados em grande medida), pois no NT são usados imagens e comparações para falar sobre a ressurreição como algo diferente.
O evento da Ressurreição demonstra que Jesus não voltou à vida anterior, já não morre mais, “sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele” (Rm 6,9s), oferecerá o começo de uma nova criação, em suma, e a ressurreição e revelação são a realização do Reino de Deus.
Com efeito, a fé pascal consiste na confiança em Deus, isto é não duvidar que exista a possibilidade de viver além desta realidade, assim para Deus tudo é possível, a fé sem ressurreição é absurda, ela resume a essência da fé, “e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como igualmente é improdutiva a vossa fé” (1 Cor 15,14).
Certamente, a ressurreição confirma a obra, palavra e a mesma pessoa de Jesus, para deste modo a ressurreição seja um acontecimento salvífico, e mediante o qual se cumpre a Escritura, a prova decisiva do amor e fidelidade de Deus, “então, iniciando por Moisés e discorrendo sobre todos os profetas, explanou-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24,27).
Como se pode ver, W. Kasper afirma: “La resurrección tiene su término histórico en Jesús de Nazareth, el crucificado y entregado, término que impide se la pueda considerar como puro acontecimiento de la fe” (p., 179), porque de fato, o evento entrou na história e com a morte nos abre a vida nova.
Pela mesma razão, Jesus vive todo e sempre para Deus na ressurreição e exaltação e por isso estar à direita do Pai significará estar com Deus, com poder e gloria, “es semper interpellans pro nobis”[3](Heb 7,25), enfim, na ressurreição há unidade íntima de um acontecimento histórico e escatológico - teológico, cruz e ressurreição formam pascha Domini[4].
Por outro lado, o corpo (soma)[5] é muito difícil de definir na Sagrada Escritura, até é impossível imaginar sem corpo uma pessoa além da morte, porém, para o israelita o corpo é a criação de Deus, o tudo do homem, lugar de Deus, realidade que comunica, lugar da obediência concreta (1 Cor 6,13), é difícil pensar numa existência separada do corpo, portanto, deve-se aceitar a corporeidade do ressuscitado para não cair no docetismo cristológico.
Em conclusão, Céu é quando a criatura chega definitivamente próximo de Deus, vive com Deus, assim, o Céu é o corpo pneumático ressuscitado de Deus.
Por Cristóbal Ávalos:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Bíblia, edição católica.
Bíblia King James Atualizada.
Kasper, Walter, Jesús el Cristo, Salamanca, Sal Terrae, 2013. p., 151-196.
[1] ἐγείρω. (imperf. ἤγειρον; fut. ἐγερῶ; fut. pas. ἐγερθήσοµαι; 1 aor. ἤγειρα; 1 aor. pas. ἠγέρθην; 1 perf. ἐγήγερκα; 2 perf. ἐγρήγορα; perf. pas. ἐγήγερµαι). Levantar, resucitar, despertar, ponerse de.
[2] ἀνίστηµι. (fut. ἀναστήσω; 1 aor. ἀνέστησα; 2 aor. ἀνέστην; 2 aor. impera. ἀνάστηθι y ἀνάστα; partici. del 2 aor. ἀναστάς; fut. med. ἀναστήσοµαι; perf. ἀνέστηκα). Hacer levantar, resucitar,
levantar, restaurar, levantarse, restablecer, brotar, nacer, surgir.
levantar, restaurar, levantarse, restablecer, brotar, nacer, surgir.
[3] Trad.: Sempre intercede por nos.
[4] Trad.: Páscoa do Senhor.
[5] σῶµα, ατος, τό: cuerpo, persona, cadáver.