01/05/2015

Até que o smartphone nos separe

   
Em um passado não muito distante, não tínhamos redes sociais, nem todos tinham um celular etc. e, por incrível que pareça, vivíamos bem. Os tempos mudaram, as redes e os celulares nos “escravizaram”. Hoje em dia quem não utiliza essas ferramentas causa estranheza. Neste processo, nos deparamos com um incrível afastamento. Entre os amigos, os casais e os irmãos está presente o celular.
              O salmo 133 nos diz "Oh! como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos! É como óleo precioso sobre a cabeça, que escorre pela barba, pela barba de Aarão, e desce sobre a gola do seu manto. É como o orvalho do Hermon, descendo sobre os montes de Sião. Pois é lá que o SENHOR dá a bênção e a vida para sempre"(Sl 133,1-3).
            Neste Salmo, observamos que o salmista reconhece a maravilha que é viver unido, em comum unidade, conviver com o próximo. Há quem não goste de viver assim, prefere o isolamento, mas ninguém consegue viver 100% sozinho, precisamos uns dos outros. Porém temos que convir que no nosso tempo, pouco se busca a unidade que é gerada pela convivência, olho no olho, trocas de palavras. Hoje em dia vivemos uma unidade tecnológica, medimos o grau de amizade pelos "likes" e compartilhamentos. Precisamos meditar mais sobre esse tema para questionar: Onde iremos parar? Por que por mais que o mundo avance, a amizade, o amor e o respeito não são aplicativos de celular? O movimento continua sendo de dentro pra fora.
            Tudo que foi dito até aqui nos faz também refletir sobre o individualismo, quanto mais crescem as redes sociais e a tecnologia, mais nos individualizamos. Quando você estiver andando pela rua note as pessoas que estão fechadas no mundo: "Eu e meu celular”.. Posso garantir que perdemos a conta de quantos são. Como seria bom se pudéssemos viver tal qual a primeira comunidade cristã:
“Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação." (At 2, 44-47)
            Eles percebiam as necessidades uns dos outros. Precisamos sair de nós mesmos para ir ao encontro do outro e, para isso, é preciso dar espaço para um mundo mais off-line. A tecnologia nos auxilia e nos auxiliou muito. Ter um celular possui muitos pontos positivos, mas o exagero traz a negatividade. Sigamos o conselho do filósofo: "A virtude está no meio".  Quem determina que a tecnologia irá nos aproximar ou afastar somos nós. Que o smartphone não afete nossa união.  "Meu espírito se compraz em três coisas que têm a aprovação de Deus e dos homens: a união entre os irmãos, o amor entre os parentes, e um marido que vive bem com sua mulher”. (Eclo 25,1-2) 
Por. José Carlos