18/10/2015

Gênesis 3

Esse capitulo 3 do Gênesis está provavelmente situado no contexto do período do rei Salomão, no século X a.C. Contudo sua redação e releitura situa-se no período do exílio no século VIII a.C.  Ele é de tradição Javista. Nele encontramos “por trás das palavras”  a situação do povo nas corvéias (escravidão) do grande rei. É uma releitura para responder as seguintes perguntas: De quem é a terra (éden)? Porque fomos expulsos dela? Quem nos enganou e nos fez quebrar a Aliança? Porque sofremos as conseqüências (hoje, longe de casa, violência, fome, perca de identidade como povo) dessa expulsão?
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O texto tem vários “blocos” organizados numa narrativa fluente e popular. Aí temos a serpente  como símbolo da religião e da ideologia; a mulher como símbolo do  povo; o jardim como símbolo da terra prometida; o fruto como símbolo da sabedoria, do poder que decidi o destino; os anjos com espadas flamejantes simbolizando os soldados guardiões do estado com armas mortais, etc.
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A serpente é usada como símbolo da fertilidade, da prostituta sagrada. É símbolo da religião Cananéia. É símbolo da sabedoria, da esperteza (por isso tem que ser esmagada, pisada) e carrega consigo o conhecimento da vida; com ela está o saber econômico, que domina o ter, o trabalho, a mão de obra;  o saber religioso e o saber político que diz ao homem ‘sereis como deuses’, tens poder para decidir sobre a vida e a morte, o destino. É por isso que a serpente é escutada, adorada e para ela é sacrificada vidas humanas (1Rs 16,34; 2Rs 16,3; 21,6) em rituais religiosos no meio do povo cananeu e israelita. A serpente faz abandonar o projeto de Deus Javé(1Rs 19,10.14).
David e Salomão aceitaram o culto cananeu e fez um sincretismo entre a religião de Israel e a religião Cananéia. Os reis posteriores de Judá e Israel seguiram o mesmo caminho. Daí, o capitulo 3, é por entrelinhas, um texto em que está em evidencia o projeto dos reis e o projeto popular de vida. O texto é uma denúncia profética.
Fazendo uma leitura fundamentalista e depois dogmática, o texto, deu origem a criação da “teologia do pecado original”.  Hoje quando muitas pessoas lêem o texto tem como ponto de partida essa teologia e por isso tem dificuldade de ler e entender o texto no seu contexto.
Na Catequese a releitura do texto (cap. 3) mostra mais a origem do bem e do mal e do pecado original. Uma nova leitura catequética já leva em consideração outros aspectos desse conteúdo.
Em Gn 3,15 temos o que os especialistas chamam de “próto-evangelho”, ou seja, um “primeiro anúncio da Boa Nova de Salvação” realizada por Jesus. Ou seja, esse verso é uma BOA NOVA (evangelho) referente à  Salvação em contexto cristão.