19/05/2015

Considerações Finais sobre LC. 10, 25-37


Ao chegar ao final desta reflexão, que foi publicado como uma série de artigos, pudemos perceber a misericórdia de Deus presente em toda a obra Lucana, especialmente relatada na parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37).
Começamos a ver desde o início dos artigos a unidade entre os dois textos elaborados por Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos). Vimos que o evangelista Lucas é historiador e pesquisador, porém que não faz história ao modo atual, mas faz historiografia sagrada, pois sua intenção é teológica, ou seja, evangelizar as comunidades cristãs espalhadas pelo Império Romano, comunidades cujos membros são na sua grande maioria gentios disponíveis a acolher a Boa Nova de Jesus Cristo.
Seguindo a lógica do evangelista, chegamos a tratar diretamente sobre os ensinamentos do Jesus misericordioso. Para isto ilustramos com algumas perícopes encontradas no Evangelho de Lucas onde se nota o agir de Jesus a favor dos mais necessitados, ensinando aos discípulos e fariseus como devem praticar a misericórdia, principalmente com os excluídos pela Lei judaica, por exemplo, o caso da viúva de Naim, a mulher pecadora e outras.
Jesus revela a misericórdia de Deus através de vários acontecimentos, ensinamentos, atos e gestos na vida quotidiana e no caminho para Jerusalém. Pudemos perceber que, no Evangelho de Lucas, o rosto que apresenta a misericórdia de Deus é uma pessoa concreta, é Jesus de Nazaré. Ele veio para cumprir o desígnio definitivo do Pai amoroso e misericordioso de salvar a todos e não apenas o povo de Israel.
Vimos que, com essas práticas e gestos demonstrados durante o caminho para Jerusalém, Jesus estava chegando a um ponto central para ensinar quem é o próximo, e este foi o objeto de estudo da nossa pesquisa e reflexão da última parte. Mostramos que, para ser discípulo de Jesus, o seguidor deve ser igual a Ele, ou seja, praticar a misericórdia com o mais necessitado, misericórdia revelada no amor ao próximo. Ao estudar a perícope de Lc 10,25-37 pudemos enxergar mais de perto a teologia da misericórdia divina presente em Lucas.
Ora, para aproximar mais ainda da teologia Lucana, o nosso texto se concentrou na perícope do Bom Samaritano de Lc 10,25-37, que foi o ápice da nossa reflexão. Vimos que o samaritano sentiu compaixão ao ver o homem que caiu na desgraça, foi interpelado e aceitou a improvisação da viagem, pois agiu com o coração. Tudo isso Lucas nos mostrou através da parábola estudada, ou seja, a misericórdia. Por trás do texto o evangelista nos mostrou sutilmente que o samaritano era o próprio Jesus.
Agradeço muito àquelas pessoas que me incentivaram para produzir estas reflexões. E, para encerrar, diria que ser cristão não é muito fácil. Por isso, o Papa Francisco não se cansa de dizer-nos: “Nosotros, los cristianos, estamos llamados a salir de nuestros muros para llevar a todos la misericordia y la ternura de Dios” (tradução literal: nós, os cristãos, estamos chamados a sair de nossos muros para levar a todos a misericórdia e a ternura de Deus).