22/10/2015

Como Deus ama?

  • Como Deus ama? 
  • Qual a sua forma de amar?
  • Em que consiste o fundamento desse amor?

           
 Deus ama. Este fato por si só é desconcertante, mistérico e tão sem e com sentido que tudo o que se disser ainda é pouco ou quase nada, ao mesmo tempo que é inaudito e paradoxal.
            Deus ama. E o fato de amar cria-nos a própria Existência do nada. Entretanto, em se tratando de Deus, o “nada” já constitui o instante da própria existência.
            Deus ama. E porque ama devota ao objeto amado toda devoção; e seu passatempo constitui-se tão somente amar, amar, amar incondicionalmente, eternamente e gratuitamente.
            Deus ama. E só sabe amar agindo, mesmo quando nos parece que Ele não age, aparentemente, ainda assim, está amando. Daí a afirmação lapidar e singular: “Deus é Amor”.
            E como Deus ama? De todas as formas e com todos os meios salutares e ilimitados. Deus não sabe não amar, eis sua fraqueza.
            Sua forma de amar é criativa, inovadora, única, primeira, de modo que nunca se repete. Seu amor é dinâmico, restaurador, redentor e salvador. Seu amor está fundamentado na sua própria vontade e querer livre e espontânea.
            Toda Existência enquanto ato criado por Deus é pura e simplesmente o amor de Deus externalizado, concretizado para fora de si; e ainda assim, e mesmo assim, está intimamente ligado/conectado a Ele, e por Ele, e n’Ele, somos e nos movemos.
            Se sentir criaturas (existentes, reais e concretas) saídas do “nada”, é tomar consciência desse amor, cujo objeto somos “inundados”, amantemente por Deus.
            Sim, somos ínfames partículas, faíscas do amor de Deus; e como tais, nos devotamos à sua divina Essência. E como amamos e nos sentimos amados por Deus, enquanto seres pensantes, que sente, que tem percepções e que produz amor filial?
            Amamos e nos sentimos amados à medida que tomamos consciência desse amor e estamos conectados uns aos outros e ao próprio Deus. Mas esse é um momento segundo; pois, mesmo não estando consciente dessa realidade, ela existe num primeiro e dado momento; mesmo não estando consciente desse momento primeiro, o amor existe e é real, pois o puro ato de amar e ser amando prescinde o estar consciente, que é o segundo momento. Amamos e somos amados mesmo não estando conscientes. Entretanto, a consciência é imprescindível para que compreendamos o amor e possamos exercitá-lo livre, consciente e criativamente.
            A consciência exprime tão somente num segundo momento aquilo que é primeiro em Deus por nós; Seu amor é permanentemente um movimento contínuo, criativo, sempre novo no tempo e no espaço sem que possa haver um “antes” e um “depois”. No ato de amar de Deus não existe um antes e um depois, como disse, seu amor é contínuo, eterno, criativo, sempre novo e não se repete; porém, no contexto da existência somos conscientizados de que existe um antes e um depois da “consciência” onde somos convidados a corresponder a esse amor de modo inequívoco, pessoal, único e sempre mais perene.
            O amor de Deus entendido assim se nos apresenta por meio da criação, de fato e pessoas cuja realidade nos cerca e nos preenche: eis a forma concreta de se aperceber amado por Deus.
            Dar afeto e receber afeto se constitui de gestos cuja energia provém de Deus mesmo, pois Deus é amor.
            Realizar atos de fraterna solidariedade e receber tais atos é experimentar em ultima instancia o amor de Deus. Mesmo não sendo ou não estando “consciente” desse amor, como dissemos ainda agora.
      O sofrimento, a dor, faz parte do processo de amar e ser amado. Não é algo que se quer, mas uma vez sendo realidade em nossas vidas, é possível ser objeto pelo qual o amor cumpre também sua função. Função essa que não é masoquismo e nem se exige sacrifício sem sentido; Aí o amor exprime-se de forma livre, libertadora, redentora e integradora, desvelando o outro lado do amor; pois assim, a fragilidade é assumida incondicionalmente, desvelando o amor sob outros aspectos cuja consciência é limitada em conceber. Com isso não se justifica a dor e o sofrimento, mas ela pode ser um instrumento pelo qual o amor é concebido e vivido sobre outra forma, cujo sentido escapa a própria consciência.
            Em fim, Deus é amor e esse amor pode ser sentido, vivenciado, contado, experimentado e tornado vida, vida que se constitui em suma e resumo, amar.
            Deus é amor e quem ama permanece em Deus. Deus é amor, aprendamos viver por amor. Deus é amor e afasta o medo.