Pequena História da Vida
Consagrada - Parte I
"A vida consagrada, profundamente
arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor,
é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio
do Espirito. Através da profissão dos conselhos
evangélicos, os traços característicos
de Jesus - casto, pobre e obediente - adquirem uma típica
e permanente "visibilidade" no meio do mundo,
e o olhar dos fiéis é atraído para
aquele mistério do Reino de Deus que já atua
na história, mas aguarda a sua plena realização
nos céus.
Ao longo dos séculos, nunca faltaram
homens e mulheres que, dóceis ao apelo do Pai e à
moção do Espírito, escolheram este
caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem
a ele de coração "indiviso". Também
eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar
com Cristo e colocar-se, com ele, a serviço de Deus
e dos irmãos. Contribuíram assim para manifestar
o mistério e a missão da Igreja, graças
aos múltiplos carismas de vida espiritual e apostólica
que o Espírito Santo lhes distribuía, e deste
modo concorreram também para renovar a sociedade.
O papel da vida consagrada na Igreja é
tão notável que decidi convocar um Sínodo
para aprofundar o seu significado e as perspectivas em ordem
ao novo milênio, já iminente.
Cientes, como estamos todos, da riqueza
que constitui, para a comunidade eclesial, o dom da vida
consagrada na variedade dos seus carismas e das instituições,
juntos damos graças a Deus pelas Ordens e Institutos
religiosos dedicados à contemplação
ou às obras de apostolado, pelas Sociedades de Vida
Apostólica, pelas Institutos Seculares, e pelos outros
grupos de consagrados nas novas formas de vida comunitária
e evangélica, como também por todos aqueles
que, o segredo do seu coração, se dedicam
a Deus por uma especial consagração.
No Sínodo, pôde-se constatar
a expansão universal da vida consagrada, tornando-se
presente nas Igrejas de toda a terra. Ela estimula e acompanha
o avanço da evangelização nas diversas
regiões do mundo, onde não apenas são
acolhidos com gratidão os Institutos vindos de fora,
mas constituem-se também novos e com grande variedade
de formas e expressões.
E se os Institutos de vida consagrada,
em algumas regiões da terra, parecem atravessar momentos
de dificuldade, em outros prosperam com vigor surpreendente,
demonstrando que a opção de total doação
a Deus em Cristo não é de forma alguma incompatível
com a cultura e a história de cada povo. E não
prospera só dentro da Igreja Católica; na
verdade, a vida consagrada acha-se particularmente viva
no monarquismo das Igrejas ortodoxas, como rasgo essencial
da sua fisionomia, e está começando ou ressurgindo
nas Igrejas e Comunidades eclesiais nascidas da Reforma,
como sinal de uma graça comum dos discípulos
de Cristo.
A presença universal da vida consagrada
e o caracter evangélico do seu testemunho provam,
com toda a evidência - caso isso fosse ainda necessário
-, que ela não é uma realidade isolada e marginal,
mas diz respeito a toda Igreja. No Sínodo, os Bispos
confirmaram por diversas vezes: "é algo que
nos diz respeito". Na verdade, a vida consagrada está
colocada mesmo no coração da Igreja, como
elemento decisivo para a sua missão, visto que exprime
a íntima natureza da vocação cristã
"e a tensão da Igreja-Esposa para a união
com o Esposo. Diversas vezes se afirmou, no Sínodo,
que a função de ajuda e apoio exercida pela
vida consagrada à Igreja não se restringe
aos tempos passados, mas continua sendo um dom precioso
e necessário também no presente e para o futuro
do Povo de Deus, porque pertence à sua vinda, santidade
e missão.
Como não recordar, cheios de gratidão
ao Espírito, a abundância das formas históricas
de vida consagrada, por ele suscitadas e continuamente manifestadas
no tecido eclesial? Assemelham-se a uma planta com muitos
ramos, que assenta as suas raízes no Evangelho e
produz frutos abundantes em cada estação da
Igreja. Que riqueza extraordinária! Eu mesmo. No
final do Sínodo, senti a necessidade de sublinhar
este elemento constante na história da Igreja.
O Sínodo recordou esta obra incessante
do Espírito Santo, que vai explanando ao longo dos
séculos, as riquezas da prática dos conselhos
evangélicos através dos múltiplos carismas,
e que, também por este caminho, torna o mistério
de Cristo perenemente presente na Igreja e no mundo, no
tempo e no espaço (JOÃO PAULO II, Vita Consecrata).
"Desde os começos da Igreja
Houve homens e mulheres que, pela prática dos conselhos
evangélicos, propuseram-se a seguir a Cristo com
mais liberdade e imitá-lo mais estreitamente e, cada
um a seu modo, levaram vida consagrada a Deus. Dentre eles,
muitos, pela inspiração do Espirito Santo,
viveram vida solitária ou fundaram famílias
religiosas que a Igreja recebeu e aprovou de bom grado com
sua autoridade. Daí nasceu, por divina providência,
uma admirável variedade de grupos religiosos, a qual
muito contribuiu para que a Igreja não apenas esteja
aparelhada para toda boa obra e organizada para as atividades
do seu ministério em vista da edificação
do Corpo de Cristo, mas apareça também ornamentada
com os vários dons de seus filhos, como uma esposa
adornada para o seu esposo e por ela se manifeste a multiforme
sabedoria de Deus" (Vaticano II,, PC 1).
Pequena História
da Vida Consagrada - Parte II
As Virgens Consagradas
Esta constitui a primeira forma de vida feminina
especialmente consagrada. Sua Origem data dos tempos apostólicos,
onde inúmeras jovens ofertavam-se inteiramente ao Senhor
na consagração voluntária e perpétua
de sua virgindade.
Através das virgens consagradas o Espirito
de Deus testemunha no interior da Igreja Primitiva, o início
de um novo tempo, do tempo do Reino dos Céus. Pelo
testemunho daquelas mulheres que se consagravam incondicionalmente
a Deus, percebia-se que nascia a partir de Cristo, uma nova
mentalidade, a mentalidade do Reino de Deus, o voltar-se para
as coisas do alto. Tal mentalidade era diferente daquela do
judaísmo, fundada na terra e na posteridade.
As virgens consagradas constituem uma imagem escatológica especial da Esposa celeste e da vida futura, quando finalmente, a Igreja viverá em plenitude o seu amor por Cristo Esposo.
As virgens consagradas constituem uma imagem escatológica especial da Esposa celeste e da vida futura, quando finalmente, a Igreja viverá em plenitude o seu amor por Cristo Esposo.
O Eremitismo
No Séc. III a vida consagrada tomou
a forma eremítica. Esta foi a primeira forma de vida
consagrada masculina. Alguns historiadores encontram em data
anterior a vida eremítica, uma certa forma de vida
organizada, formada pelos ascetas cristãos e denominada
"monacato urbano".
A vida eremítica teve expressões
de grande generosidade: os eremitas retiravam-se para o deserto,
viviam na solidão e no silêncio, na oração
e na penitência, não deixando de lado o trabalho
manual e a direção espiritual, muitas vezes
feita através de cartas que são verdadeiros
tratados de teologia ascética e mística.
Além de uma autêntica vida de
oração e penitência, oferecida em favor
de Igreja, os eremitas ou "padres d deserto" contribuíram
em muito com a teologia e filosofia, através de Escritos,
que ainda hoje enriqueceram a doutrina cristã. A vida
eremítica era ainda forte grito profético no
interior da Igreja, quando esta, após os tempos de
perseguição se unia às forças
e poderes do Império.
Santo Antão (251-356 d.C) é
considerado o patriarca da vida eremítica". Filho
de família rica, ouviu o apelo do Senhor proclamado
na igreja através da leitura da Sagrada Escritura,
e resolveu deixar tudo, retirando-se para o deserto do Egito.
Sua vida, escrita por Santo Atanásio, no século
IV, exerceu grande influência sobre as gerações
posteriores.
Os homens e mulheres eremitas, testemunham
através da separação interior e exterior
do mundo o caráter provisório do tempo presente,
e pelo jejum e pela penitência atestam que o homem não
vive sé de pão, mas da Palavra de Deus. Uma
vida Assim "no deserto" é convite aos indivíduos
e á própria comunidade eclesial para nunca perderem
de vista a vocação suprema, que é estar
sempre com o Senhor.
O Cenobitismo ou Monaquismo
Organizado
Inicialmente devemos afirmar que a origem
do monacato organizado permanece em discreta penumbra. Segundo
a maioria dos historiados eclesiais, o cenobitismo tem como
berço o eremitismo. Aos poucos a vida eremítica
foi cedendo lugar à vida cenobitica (comunitária).
O cenobitismo ou monaquismo organizado apresentava suas vantagens:
a vida comunitária, com ocasiões freqüentes
de se praticar a caridade; a presença de um superior
(abade), que governava e controlava a comunidade, suas atitudes
e comportamentos; a Regra, que regulamentava a vida dos monges
na oração, no trabalho, no vestuário,
na alimentação, no estudo.
A vida e a espiritualidade cenobita era muito
semelhante da eremita (oração, ascese, trabalho
manual, direção espiritual), porém, alguns
fatores faziam a diferença: a vida comunitária,
o abade, a regra e a dedicação aos estudos.
Vale destacar que a "comunidade"
para os cenobitas não é simples meio de serviço
da perfeição evangélica, mas pertence
ao projeto mesmo do "seguimento de Cristo".
São Pacômio (346 d.C) foi o primeiro organizador da vida cenobítica (koinonia). O primeiro mosteiro data de 320 e foi fundado por São Pacômio em Tabenisi, a 575 Km ao sul da moderna cidade do Cairo. O oriente foi o berço do monaquismo, que se difundiu pelos lugares retirados do Egito, da Palestina, da Síria....
São Pacômio (346 d.C) foi o primeiro organizador da vida cenobítica (koinonia). O primeiro mosteiro data de 320 e foi fundado por São Pacômio em Tabenisi, a 575 Km ao sul da moderna cidade do Cairo. O oriente foi o berço do monaquismo, que se difundiu pelos lugares retirados do Egito, da Palestina, da Síria....
São Basílico Magno, foi o grande
legislador do monaquismo oriental, dando a este uma ampla
motivação teológica. Escreveu duas regras
cenobícas, que ficaram famosas na história da
espiritualidade. Louvava os mosteiros como lugar em que se
pode exercer a caridade fraterna mais que no deserto, e como
depositários da plenitude dos carismas do Espírito
Santo (comunhão de dons).
Martinho de Tours (+397 d.C) é o primeiro
monge documentado no Ocidente. Filho de um soldado romano
aos quinze anos já seguia à profissão
do pai, mas sua verdadeira vocação sobreviveu
à sua vida militar. Aos dezoito anos abandonou a milícia,
recebeu o batismo e seguiu Santo Hilário de Poitiers,
seu mestre. Após um breve noviciado na vida eremítica,
fundou alguns moteiros. Discípulos se reuniram em torno
dele e, nas cavernas das margens do rio Loira, desenvolveu-se
a primeira col6onia monástica da Igreja do Ocidente.
Mas em 375 foi eleito bispo de Tours, e tornou-se o grande
evangelizador do centro da França Tinha sido como se
disse um soldado sem querer, monge por escolha e bispo por
dever. Seu mosteiro progrediu tanto que seus monges eram procurados
para exercer o cargo de bispos.
São Bento é conhecido como "patriarca
do monges ocidentais". Nasceu por volta de 480 em Núrsia
(Itália), de nobre família rural romana. Começou
em Roma seus estudos de artes literárias, mas não
satisfeito com essa vida , logo retirou-se para os montes
Sabinos (Subiaco) onde levou vida eremítica por três
anos. Foi precisamente neste período que o demônio
travou com ele as mais rude batalhas, obrigando-o por vezes
a rolar sobre os espinhos para submeter a carne e guardar
a santa castidade.
Sua fama começou a espalhar-se. Os
monges de um pequeno mosteiro vizinho (Vicovaro) vieram procurá-lo
na sua caverna, para que aceitasse dirigi-los, mas logo vieram
a rejeitá-lo, exasperados com os esforços que
o jovem abade fazia os reconduzir à disciplina. Bento
voltou à sua gruta, e muitas almas se reuniram em torno
dele. Fez aí uma experiência de vida semi-eremítica.
Na plenitude de sua maturidade humana e monástica,
perseguido por inveja, Bento viu mais uma vez, por detrás
dos fatos, uma indicação da Providência:
abandonou Subiaco e foi procurar fora dali um lugar onde sua
obra pudesse lançar raízes. Com um grupo de
jovens entre os quais Plácido e Mauro, emigrou para
Nápoles, escolhendo sua morada no sopé do Monte
Cassino, onde edificou seu primeiro mosteiro (berço
da ordem beneditina), fechado dos quatro lados, como uma fortaleza
e aberto à luz do alto como uma grande vasilha que
recebe do céu a benéfica seiva para depois despejá-la
no mundo. Até sua morte Bento fundou doze mosteiros.
Em monte Cassino escreveu sua regra, valendo-se da tradição
monástica oriental e ocidental e adaptando-a às
condições de vida de época. A regra beneditina
tornou-se famosa na Igreja por sua psicologia e linguagem
jurídica segura. O triunfo da regra beneditina se deu
em 817 quando todos os mosteiros do Ocidente adotaram a Regra
de São Bento como norma única. De fato, até
o século XI os monges do ocidente identificavam-se
com os monges beneditinos.
É grande e relevante a contribuição
do monaquismo, não só na vida da Igreja, mas
na história, de modo especial no início do novo
mundo (após a queda do Império Romano). Foram
em grande parte os monges que evangelizaram os anglo-saxãos
e outros povos germânicos (Inglaterra, Bélgica,
Holanda, Norte da Alemanha, etc.); ensinaram aos povos bárbaros
que vivam nos arredores dos mosteiros, os princípios
de cultura; transmitiram às crianças e aos adolescentes
os conhecimentos científicos e a formação
cristã através das escolas monasteriais, que
prepararam o nascimentos das universidades. Foram também
eles, os copistas, que salvaram da ruína os tesouros
da cultura romana, que através dos seus códigos
e obras de arte, passaram para as gerações vindouras.
Se quiséssemos sublinhar a parte ativa que os mosteiros
tomaram no movimento literário, seria necessário
escrever um compêndio de toda a história literária
da Idade Média. Quer se trate de teologia, exegese,
quer de história, poesia, matemáticas, gramáticas,
quer ainda de filologia, a maioria dos pertencentes aos séculos
VIII ao XII são recrutados entre os monges.
A história é uma parcela que
os monges praticamente se reservam. Basta um lance de olhos
aos trabalhos modernos relativos às fontes históricas
para convencer-se disso. Em resumo, não seria descabido
afirmar que toda a alta Idade Média lhes pertence:
seria mais cômodo nomear os autores não monges.
A teologia dos quatro primeiros séculos da Idade Média
terá meta muito precisa: investigar e assentar solidamente
a tradição católica, cujo sentido os
monges possuem tão enviscerado. Por isso, esforça-se-ão
para tornar mais inteligível a leitura da Escritura
e dos principais Padres da Igreja. Este esforço teológico
tem o mérito inegável de ter fixado a tradição
católica sobre um bloco importante de pontos doutrinais.
Um monge, Santo Anselmo, foi quem abriu a porta a novas correntes,
inaugurando nova época. Ele é o primeiro filósofo
que faz teologia. Foi no claustro de um mosteiro que foi impresso
o primeiro livro no mundo (mosteiro de Santa Escolástica,
Subiaco, Itália). Foram, ainda, os monges que muitas
vezes estiveram à frente das fileiras da Igreja no
combate as heresias; que contribuíram fortemente com
a liturgia, especialmente através da música
sacra (o canto gregoriano tem como pai São Gregório
Magno, a quem se deve a mais completa biografia de São
Bento. Vale lembrar que antes de ser papa ele foi monge) e
que deram à Igreja inúmeros santos.
Pequena História
da Vida Consagrada - Parte III
Quando a Igreja atingiu o ápice do
poder temporal, na Idade Média, Deus quis suscitar
no início do século XIII as ordens mendicantes.
Nasceu no Papa Inocêncio III, o projeto de suscitar
uma nova forma de pregação, mais próxima
do povo e mais bem preparada na defesa da fé.
Sonhou com homens de muita fé, inspirados
no ideal evangélico, desprendido dos bens deste mundo,
capazes de dirigir-se aos humildes com as mãos abertas
para lhes dizer outra vez palavras de amor e de verdade. E
a Providência iria responder a esse apelo, porque no
momento em que Inocêncio escrevia a sua bula profética,
começavam a surgir no núcleo mais vivo da comunidade
cristã aqueles a quem caberia levedar mais uma vez
a massa cristã numa encruzilhada decisiva da história:
as Ordens mendicantes. O aparecimento destas Ordens foi o
acontecimento mais notável da vida íntima da
Igreja da época. O imensa êxito que os mendicantes
alcançaram prova que eles corresponderam às
expectativas do tempo.
As vocações afluiram torrencialmente:
Vários métodos de organização dos mendicantes foram imitados pelas antigas ordens, e o exemplo dos mendicantes arrastou para as Universidades, Ordens antigas, como os beneditinos de Cluncy e os cistercienses.
Vários métodos de organização dos mendicantes foram imitados pelas antigas ordens, e o exemplo dos mendicantes arrastou para as Universidades, Ordens antigas, como os beneditinos de Cluncy e os cistercienses.
O clero secular tornou-se mais fiel às
suas obrigações sacerdotais, e toda a vida,
monástica, estimulada pelo surto das Ordes Franciscana
e Dominicana, enriqueceu-se na primeira metade do século
XIII com uma verdadeira floração de novas congregações.
O ideal de pobreza que abraçaram exerceu
enorme influência na sociedade e na Igreja pondo freio
ao desenvolvimento desmedido da civilização
materialista, e a Igreja do Século XIII foi por eles
admoestada a não se preocupar com questões temporais
a ponto de esquecer a sua missão divina.
A sua ação teve também
resultados no domínio da concórdia especialmente
quando no ano 1233 os dominicanos e os franciscanos se espalharam
por toda a parte num esforço extraordinário,
que foi assinalado por espetaculares reconciliações
entre famílias, clãs e até entre cidade.
Deste movimento resultaram "associações
de paz", confundidas muitas vezes com as duas Ordens
terceiras, por meio das quais elas mantinham a sua ação
a sociedade.
Desenvolveram grande abertura para os leigos
e pessoas casadas, proporcionado-lhes vida regular de oração,
penitência e caridade, através das ordens terceiras.
Não foram poucos os confessores e conselheiros dos reis e de suas famílias. Os seus conventos não se situavam nas regiões clunicense nem nos pântanos solitários de Cister, mas nas cidades, e se tornaram centros de vida intelectual, espiritual e até política.
Não foram poucos os confessores e conselheiros dos reis e de suas famílias. Os seus conventos não se situavam nas regiões clunicense nem nos pântanos solitários de Cister, mas nas cidades, e se tornaram centros de vida intelectual, espiritual e até política.
Foi também a eles que a Igreja recorreu
quando teve de defender-se contra as heresias. Serão
também os Mendicantes que veremos liderar um grande
movimento missionário que se lançará
entre os infiéis, procurando ganha-los para Cristo
pelo amor.
Há ainda um último ponto em
que a ação dos Mendicantes se mostrou decisiva:
na ordem intelectual. Num momento em que se produzia uma grande
fermentação dos espíritos, elas encontravam-se
especialmente preparadas para assumir e orientar as curiosidades
dos seus contemporâneos. Assim, em última análise,
as ordens mendicantes dera à "reforma" do
século XIII uma eficaz originalidade. O retorno ao
Evangelho, que eles pregavam foi a sua característica
em todos os domínios, tanto canônico, como na
vida social e mesmo nas formas de devoção. Graças
a eles, as indispensáveis transformações
não se realizaram fora da Igreja, nem contra ela, as
no seu seio.
Praticamente todo os Papas do século
XIII manifestavam a maior simpatia pelas ordem mendicantes,
que constituíram uma milícia devotada ao Papa,
uma organização de propaganda maravilhosamente
ativa em difundir o seu pensamento, e um corpo de diplomata
para as missões difíceis ou perigosas.
Não foi apenas no plano da reforma
moral e nas suas lutas temporais que os Mendicantes ajudaram.
Eles foram também os instrumentos de uma nova concepção
da Igreja e do seu papel, mais universalista, mais adaptado
a uma sociedade ampliada: a igreja das missões.
As Ordens Religiosas
Contra - Reformistas
Após reforma protestante, onde a Igreja
e o Papa foram profundamente atacados. Deus suscitou as chamadas
ordens contra - reformista, caracterizadas por uma humilde
e incondicional obediência ao Papa e fortalecimento
da formação do clero, Santo Inácio) e
as carmelitas reformadas ( oração em favor da
Igreja e busca da perfeição cristã, Santa
Tereza).
As Congregações
Religiosas
Floresceram ao longo dos séculos muitas
outras expressões de vida religiosa, nas quais inúmeras
pessoas, renunciando ao mundo, se consagraram a Deus, através
do profissão pública dos conselhos evangélicos
segundo um carisma específico e numa forma estável
de vida comum, para um serviço apostólico pluriforme
ao Povo de Deus. Temos assim, as Congregações
Religiosas masculinas e femininas, e geral, dedicadas à
atividade apostólica e missionária e às
múltiplas obras que a caridade cristã suscitou.
É um testemunho esplêndido e
variado, onde se reflete s multiplicidade dos dons dispensados
por Deus aos fundadores e fundadoras que, abertos à
ação do Espirito Santo, souberam interpretar
os sinais os tempos e responder de forma esclarecida, às
exigências que iam aparecendo.
Podemos citar as irmãs da caridade
de São Vicente de Paulo (obra de caridade), Irmãos
Maristas e Irmãs Dorotéias (educação),
Irmãs Paulinas (comunicação), Salesianos
(educação da juventude), Mercedários
(penitenciárias) Franciscanas Hospitaleiras (doentes),
Missionários do Sagrado Coração (missão),
etc.
Pequena História
da Vida Consagrada - Parte IV
Sociedade de Vida Apostólica
As Sociedades de vida apostólica,
masculinas femininas, nascidas nos últimos séculos
buscam com seu estilo próprio, um específico
fim apostólico e missionário.
Podemos citar: Eudista (formação) e Missionários de Nossa Senhora da África (missão).
Podemos citar: Eudista (formação) e Missionários de Nossa Senhora da África (missão).
Os Institutos Seculares
O Século atual (Século XX)
é testemunho do surgimento de mais uma forma de vida
consagrada, que são os institutos de vida seculares.
Os institutos de vida secular respondem as
necessidades de transformação das estruturas
e instituições próprias da sociedade.
Através da síntese de secularidade e consagração,
que o caracteriza, eles querem infundir na sociedade as energias
nova do Reno de Cristo, procurando transfigurar o mundo a
partir de dentro com a força das bem-aventuranças.
Desta forma, ao mesmo tempo que a pertença total a
Deus os torna plenamente consagrados ao seu serviço,
a sua atividade nas condições normais de leigos
contribui, sob a ação do Espírito, para
a animação evangélica das realidades
seculares.
Também realizam uma função
preciosa os institutos seculares nos quais os sacerdotes do
clero diocesano se consagram a Cristo através da prática
dos conselhos evangélicos segundo um específico
carisma.
As Comunidades Novas
O Espírito de Deus que sempre orientou
e sustentou toda a história da Igreja, suscita nos
tempos de hoje novas formas de consagração e
vida evangélica. Assim como as diversas formas de vida
consagrada e comunitária surgidas no decorrer dos vinte
séculos do cristianismo, as "comunidade novas"
ou "novas fundações" são, por
um desígnio da divina providência uma resposta
para as necessidades da Igreja e do mundo de hoje.
As "comunidades novas" respondem
a tais necessidades, em primeiro lugar, pela fidelidade ao
chamado específico que o Senhor faz a elas e como conseqüência
dessa fidelidade através de uma autêntica vida
litúrgica; da formação e do engajamento
do laicato; de um amor incondicional pela hierarquia, de modo
especial pelo Papa; de uma sólida vida espiritual (ascese
e mística); de uma fé purificada; de uma vida
moral no Espírito; e de modo especial através
de uma força evangelizadora e pastoral que penetra
nas realidades atuais e no coração do homem
contemporâneo.
Tratando da realidade das "comunidades
novas" o instrumentum laboris do sínodo dos bispos
afirma: "quanto ao estilo de vida evangélica,
muitas vezes se destinguem por uma forte austeridade de vida,
intensa oração, resgate de formas sãs
de devoção tradicional, divisão dos trabalhos
domésticos e manuais pela parte de todos os membros.
Sob o aspecto apostólico, é forte o impulso
missionário, rumo aos distantes e rumo àqueles
que nunca receberam o Evangelho; o empenho na nova evangelização,
a ecumênica; a aproximação dos pobres
e dos marginalizados".
"O Espírito, que ao longo dos
tempos suscitou numerosas formas de vida consagrada, não
cessa de assumir a Igreja, quer alimentado nos institutos
já existentes o esforço de renovação
na fidelidade ao carisma original, quer distribuindo novos
carismas a homens e mulheres do nosso tempo, para que dêem
vida a instituições adequadas aos desafios de
hoje. Sinal desta intervenção divina são
as chamadas "Novas Fundações". Com
características de algum modo originais relativamente
às tradicionais.
A originalidade destas novas comunidades consiste
freqüentemente no fato de se tratar de grupos compostos
de homens e mulheres, de clérigos e leigos, de casados
e solteiros, que seguem um estilo particular de vida, inspirado
as vezes numa ou noutra forma tradicional ou adaptação
às exigências da sociedade atual. Também
o seu compromisso de vida evangélica se exprime em
formas diversas, manifestando-se como tendência geral,
uma intensa aspiração à vida comunitária,
à pobreza e à oração. No governo,
participam clérigos e leigos, segundo as respetivas
competências e o fim vai ao encontro das solicitações
da nova evangelização.
As novas formas (de vida evangélica)
são um Dom do Espírito, para que a Igreja siga
o seu Senhor, num impulso perene de generosidade, atenta as
apelos de Deus que se revelam através dos sinais dos
tempos. Assim, ela apresenta-se ao mundo diversificado nas
suas formas de santidade e de serviço, como "sinal
e instrumento da íntima união com Deus e da
unidade de todo gênero humano". Os antigos institutos,
muitos deles acrisolados por provas duríssimas suportadas
com fortaleza ao longo dos séculos, podem enriquecer-se
entrando em diálogo e troca de dons com as fundações
que surgem no nosso tempo.
Desse modo, o vigor das várias instituições
de vida consagrada, desde as mais antigas até as mais
recentes, e ainda vivacidade das novas comunidades alimentarão
a fidelidade ao Espírito Santo, que é principio
de comunhão e de novidade perene de vida" (JOÃO
PAULO II, Exortação apostólica Vita Consecrata).
"Na Igreja, tanto hoje como no passado,
novas formas de vida comunitária exprimem a fecundidade
de Espírito e do Evangelho de Jesus. Como pastor, entrei
em contato com várias destas novas formas de consagração.
Ainda não disponho de dados precisos acerca da extensão
deste fenômeno, mas calcula-se que as "novas"
comunidades já se possam contar em centenas no mundo.
Este é um sinal dos tempos, que exige uma abertura
e um atento discernimento. Parece-me que, embora na diversidade
dos caminhos e dos carismas, e dentro dos limites próprios
de cada experiência esta novas formas de vida evangélica
estejam assinaladas por alguns elementos e algumas características
mais ou menos comuns.
As novas comunidades não se identificam
com as atuais formas de vida consagrada. Apresentam-se com
freqüência como "famílias eclesiais",
porque , ao redor de um comum carisma de fundação
bem definido, convergem leigos, clérigos, pessoas solteiras
e casadas que, no respeito dos diferentes estados de vida,
se consagram a um idêntico ideal evangélica,
como membros igualitários de um único corpo,
com diversas níveis de pertencer.
Normalmente, podem-se verificar as seguintes características:
Normalmente, podem-se verificar as seguintes características:
a) A unidade da obra e da presidência;.
b) Uma certa radicalidade evangélica;
c) A unidade entre a consagração e a missão, compeendida como carisma particular;
d) Um forte sentido comunitário com o evidente primado do ser comunhão sobre o fazer;
e) O exercício da autoridade vivido em conformidade com a comunhão;
f) O desejo de evita a identificação entre a sacerdócio e autoridade, a fim de respeitar e promover a laicidade;
g) Uma clara aceitação da pobreza e do abandono à Providência;
h) Uma vida de oração intensa. Tanto pessoal como comunitária;
i) Um vivo Fervor missionário;
b) Uma certa radicalidade evangélica;
c) A unidade entre a consagração e a missão, compeendida como carisma particular;
d) Um forte sentido comunitário com o evidente primado do ser comunhão sobre o fazer;
e) O exercício da autoridade vivido em conformidade com a comunhão;
f) O desejo de evita a identificação entre a sacerdócio e autoridade, a fim de respeitar e promover a laicidade;
g) Uma clara aceitação da pobreza e do abandono à Providência;
h) Uma vida de oração intensa. Tanto pessoal como comunitária;
i) Um vivo Fervor missionário;
Parece Oportuno:
a) Favorecer a experimentação
e aprovação destas "novas comunidades",
encorajando os Bispos e os sacerdotes a acompanhá-las
no exercício do discernimento dos seus carismas. É
importante que o seu enquadramento jurídico não
seja rígido, a fim de não sacrificar a novidade
do Espírito Santo;b) Constituir uma Comissão interdicasterial adequada, que estude estas novas formas, aceitando e valorizando, sem inibições, aquilo que é novo e verdadeiro e que reveja os conceitos de vida consagrada, e também a própria estrutura dos votos clássicos que, com efeito, já se têm as novas formulações".